Hiroshima
- Ana
- 2 de mai.
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Durante a nossa estadia em Osaka, apanhámos o Shinkansen (comboio de alta velocidade) e em 1h30m estávamos em Hiroshima, que fica a 330 km de Osaka. O objetivo era levar os miúdos - que já não são tão miúdos assim - a visitar o memorial em homenagem às vítimas da bomba atómica.
A expansão do fascismo que levou à 2ª guerra mundial e, consequentemente, às bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki, foi possível porque o partido nazi utilizou mentiras e propaganda para convencer os alemães que as suas dificuldades tinham como culpados os judeus e outras minorias, o que levou a que o povo alemão se unisse com base no ódio, na violência e na exclusão - e ultimamente - o assassinato em massa de outros seres humanos.
Quando antes se celebrava todos aqueles que, com empatia e solidariedade, durante a 2ª guerra mundial, auxiliaram os mais vulneráveis, esconderam e deram abrigo aos perseguidos e refugiados, hoje parece que os valores e atos que antes pareciam evidentes hoje são postos em causa por um número assustador de pessoas. Por tudo isto, fizemos questão de ir mesmo a Hiroshima com os nossos jovens, que verdade seja dita, são o oposto do extremismo e da intolerância. Mas é sempre bom ver e viver as coisas, para a memória não se perca.
Hiroshima antes da bomba atómica:
O complexo memorial de Hiroshima chama-se Parque Memorial da Paz. O objetivo que está sempre presente em todas as exposições e monumentos aqui é dar a conhecer as vítimas, as histórias das pessoas e das famílias, humanizar a tragédia para que isso contribua para a paz e para que a tragédia de Hiroshima nunca se repita.

A bomba atómica de Hiroshima detonou a 600 metros de altura no dia 6 de agosto de 1945 às 8h15m. Destruiu instantaneamente 92% dos edifícios da cidade e estima-se que morreram, na explosão, 70 000 pessoas e nesse ano, em consequência dos ferimentos e da radiação, mais 70 000 pessoas. Muitos outros ficaram com sequelas permanentes e muitas crianças nasceram com deficiências várias devido aos efeitos da radiação. Se bem que não se saiba bem quantas pessoas morreram efetivamente, pois todos os registos da cidade foram destruídos nesse dia. Famílias inteiras foram dizimadas, milhares de crianças ficaram órfãs, pais ficaram sem filhos, idosos ficaram sem quem cuidasse deles. A sociedade e a economia japonesa pós-guerra estava destruída e não houve capacidade de cuidar das vítimas o que originou uma segunda tragédia para quem sobreviveu à primeira: doença, miséria e abandono.

Apesar da cidade ter sido atingida por uma explosão de calor que atingiiu os 3000ºC a 4000ºC, extraordinariamente, o edifício por baixo do hipocentro não ficou completamente destruído. Era um edifício governamental, o Centro de Promoção Industrial da Prefeitura de Hiroshima, e após alguma consideração, foi decidido preservá-lo tal como ficou para homenagear as cerca de 140 000 pessoas que morreram.


É uma tradição local haver voluntários espalhados pelo parque que são sobreviventes, sobreviventes in útero ou descendentes diretos de vítimas. Falam com os turistas, explicam e contam a história da sua família. Um senhor, cuja mãe estava grávida de 4 meses dele, vem quase todos os dias ao parque contar a sua história e mostrar fotos e descrições. O avô dele morreu com a bomba.


O parque tem vários monumentos e um museu.
Não há explicação para o que vimos no Museu. Como disse, todo o parque está centrado nas vítimas e o Museu conta as histórias, descreve a vida das pessoas antes da bomba, as consequências da bomba e o que aconteceu depois. Tem filmes, relatos, fotografias e objetos que sobreviveram à explosão e descrições pormenorizadas e gráficas de tudo. Não querem que nada seja esquecido. O lema é não esquecer para não se repetir.
Foi uma visita muito díficil para todos, mas todos concordámos que fizémos bem.

Chegámos, visitámos o Parque e o Museu e voltámos para Osaka. Da Hiroshima de hoje só vimos o caminho de e para a estação, mas parece uma cidade de província, moderna e simpática.
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