Osaka
- Ana
- 3 de mai.
- 8 min de leitura
Atualizado: 5 de mai.
Osaka é uma cidade diferente de todas as outras que visitámos no Japão. Mais confusa, menos organizada, mais cosmopolita e onde se vê que há mais dinheiro. Se achámos que Tóquio era uma loucura para compras, então Osaka nem se fala!
Se bem que estou muito orgulhosa de todos, ao contrário do que lemos nas redes sociais: que todos os turistas acabam a comprar uma mala nova para carregar de volta todas as compras, nós os 6 voltámos com as mesmas malas com que chegámos. Um pouco cheias e pesadas, especialmente a do Alexandre, mas essa é outra história - já vos conto o que ele comprou.
Osaka à noite é uma loucura. E não falo de saídas à noite, pois para grande pena do Afonso, ninguém foi a qualquer bar ou discoteca. Quando chegava à noite só queríamos as nossas camas de hotel e um duche quente.
Como quase tudo no Japão, por muito que se tenha lido e visto na internet, nada nos prepara para as coisas ao vivo. É sempre tudo muito maior, mais espetacular, mais gente e mais exagerado do que estamos à espera! No dia em que chegámos, saímos do hotel (que ficava numa zona super central) e fomos a Dotonbori, que é a zona de Osaka conhecida pela comida de rua, restaurantes, bares, néons coloridos e lojas sem fim.
Que loucura de luzes, pessoas e atividade! E não parece que a maioria sejam turistas.

A loja que tem tudo - a Don Quijote - parece ainda maior e mais louca que a de Tóquio.

Aliás a sinalética e os néons das lojas e restaurantes da zona de Dotonbori são uma perfeita loucura. Não parece haver poupança de energia elétrica por aqui!
Começámos por provar alguma comida de rua, tão típica de Osaka, mas depois tentámos encontrar um restaurante para jantar pois estávamos todos desesperados com fome. Foi o único barrete que apanhámos na viagem inteira. Foi uma má escolha, nunca se escolhe um restaurante na zona mais turística e com aspeto duvidoso. Mas estavam todos desesperados com fome e não havia tempo para escolher melhor. Não ficámos doentes, nem nada que se pareça, mas comemos (bem eles comeram, que eu mal provei) umas panquecas de couves (sim, couves) que eram meio panqueca meio omolete. Acho que aquilo até é bom, mas definitivamente não ali naquele sítio.
Eu acabei a jantar ‘street food’ e tudo o que comi na rua era ótimo.

Uma das ruas principais de compras em Osaka era mesmo ao lado do nosso hotel e é uma rua coberta que parece não ter fim. Chama-se Sinshaibashi-Suji e que tem desde uma zona de lojas mais modestas e tradicionais, até uma zona onde estão todas as grandes marcas japonesas e internacionais.

A avenida do nosso hotel é paralela à tal rua de compras e parece a Avenida da Liberdade de Osaka, para melhor ... claro.

Todas as lojas de luxo imagináveis estão por ali, desde a Chanel, Prada, Rolex, Louis Vuitton, etc., mas mais impressionante do que tudo isso, aquela zona tem, em dois quarteirões, dois stands da Ferrari, um da McLaren, da Lamborghini, da Bentley e da Rolls Royce. Para grande deleito dos nossos rapazes…Há muito dinheiro por estes lados do Japão, aparentemente.
Há um grande contraste nas paisagens urbanas da cidade, mesmo em zonas muito perto umas das outras. A rua do nosso hotel, a rua das compras e esta rua que mostro a seguir são todas a menos de 10 minutos a pé umas das outras.

No dia seguinte fomos ao Castelo de Osaka, que é interessaste, embora, no fundo, não tivesse valido a pena entrar no castelo propriamente dito: a exposição não tem muito interesse. O Castelo de Osaka é um dos monumentos mais proeminente de Osaka e é testemunha das sangrentas lutas de poder que levaram à fundação da era Edo, em 1603. Foi construído em 1583 mas a principal torre, que é o ícone do castelo, só foi reconstruída em 1931.

No entanto, vimos o mais interessante dessa manhã completamente por acaso. Estávamos a passar à frente de um pavilhão dentro do recinto do castelo e, penso que o Manuel, chamou-nos para irmos ver o que se estava ali a passar. Depois de deixarmos os sapatos à porta, lá entrámos, para junto dos colegas e pais dos atletas. Estava a decorrer uma competição de Kendo, que é uma arte marcial japonesa moderna desenvolvida a partir das técnicas tradicionais de combate com espadas dos samurais do Japão feudal. Em vez de espadas usam uns paus de madeira. A competição era de atletas adolescentes, maioritariamente raparigas.

A Madalena perguntou a uma pessoa que estava a assistir como é que eram as regras e a rapariga explicou detalhadamente - falou para o telemóvel e traduziu para Inglês.
A grande maioria não fala inglês, mas são super simpáticos e não se inibem nada em utilizar a sua app de tradução. Nós perguntamos, o telemóvel traduz, eles respondem/descrevem o que pretendemos com grande detalhe, e o telemóvel traduz de volta para inglês. Todos querem ajudar e ajudam mesmo. Têm toda a paciência, alegria e disponibilidade para ajudar os estrangeiros. Não percebemos se eles efetivamente aprendem inglês na escola, pois parece-nos que nem os jovem falam ingês suficiente para manter uma conversa ou dar indicações.

Não comprámos nada de especial no Japão. Bem...não exageremos, isso não é bem verdade, todos passámos tempo sem fim em múltiplas lojas e, especialmente, em lojas da Uniqlo (em todas a cidades que estivémos!) e na versão barata da mesma cadeia a GU. De tal modo que o X a certa altura disse que já não voltava a entrar numa Uniqlo e nem esperava por ninguém à porta da mesma!

Mas não só na Uniqlo. O Afonso comprou roupa vária, algumas coisas um pouco loucas - já devem ter visto os outfits dele nas fotos, a Madalena e Manuel também compraram montes de roupa, mas o Alexandre ganhou o prémio da compra mais louca: um tacho de ferro fundido da Le Creuset, edição exclusiva para o Japão e comemorativa do .... Pokémon. A menina pesava 3kg! Mas coube na mala dele, embora fosse preciso fazer um pouco de tetris.

Aliás, as malas do Afonso e do Alex vieram cheios de bonecada, cartas, T-shirts, livros de manga e outros objetos de animé e de desenhos animados japoneses. Eles adoram esta parte cultura japonesa. Todos comprámos "recuerdos" e imans para o frigorífico e eu comprei algumas coisas de design japonês bem bonitas. Há um contraste enorme entre a loucura da bonecada e da cultura de gaming/animé/manga e a simplicidade e beleza dos objetos de decoração, móveis e têxteis japoneses.
Durante a estadia em Osaka, fomos a um restaurante especialmente memorável. O Alex pesquisou e encontrou um pequeno restaurante de Sushi, nas profundezas de Osaka, que tinha apenas 2 mesas e 12 lugares no total.

O staff era o cozinheiro e uma empregada (que não falava inglês). O menu era indecifrável, mas eles tinham umas combinações pré concebidas para os estrangeiros. Escolhemos 5 peças de sashimi para começar e uma quantidade pré-definida de peças de Sushi para cada um - 10 (para mim), 12 (para a Madalena e X), 15 (Alex) e 20 (Manuel e Afonso) - à escolha do Chef, de acordo com o peixe do dia. Que delícia! O Sushi vem peça a peça, preparado no momento, igual para todos. Todas as peças diferentes, peixes completamente desconhecidos, lulas, polvo, ostras e outras coisas que nem sabemos bem o que eram. O arroz que eles usam no sushi por aqui também é diferente, é menos doce e um pouco mais solto do que nós estamos habituados.
Nem todos gostámos de tudo, eu, por exermplo, não aprecio ostras nem ouriços do mar, mas o peixe era fresquissímo (como aliás em todo o lado no Japão). Acho que nunca mais queremos comer sushi de supermercado ou de restaurantes comuns, o nosso standard agora atingiu outro nível. Que esperiência espetacular!

Depois de alguma confusão nos voos da Madalena: adiaram-lhe os voos 24h, a Madalena seguiu na 5ª feira para Espanha, para a despedida de solteira da melhor amiga Mariana, via Qatar, Casablanca e, finalmente, Sevilha. Do Domingo viaja dali diretamente para Londres. Como o voo dela era só ao incío da noite, eu e o X passámos o dia com ela, enquanto o Manuel, o Alex e o Afonso foram ao parque de diversões Universal Studios Osaka. Adoraram, estiveram lá desde manhã bem cedo mesmo até aquilo fechar e voltávam mais um dia se houvesse tempo. As fotos mostram bem como eles se divertiram apesar da quantidade de gente que estava por lá. Felizmente que eu e o X já não temos que dar para esse peditório, agora só voltamos a um parque de diversões com os nossos netos!

Nós fomos fazer uma atividade bem mais calma e com menos gente. Fomos ao Museu da Habitação e Modo de Vida de Osaka, que, estranhamente, é no 8º e 9º andares de um edífico e reproduz uma adeia do período Edo. Foi muito giro e interessante e a Madalena teve a oportunidade de vestir um Kimono. Não um daqueles mesmo tradicionais e pesados e em que também arranjam o cabelo, mas um simples que foi perfeiramente suficiente. Deu para tirar umas fotos giras e ela estava toda contente. O X tinha um audio guia e ía-nos explicando como viviam os japoneses naquele tempo.

No outro andar havia uma exposição da evolução da habitação em Osaka que foi muito interessante: quando nos anos 50 se começou a generalizar a construção de habitações de betão, foi um alívio para as pessoas pois até aí as casas ardiam com regularidade. Aliás o tempo médio de existência de uma casa tradicional de madeira japonesa era 2,5 anos. As casas eram muito pequenas e as pessoas tinham muito poucos objetros pois regularmente ardia tudo e as famílias tinham que reconstruir tudo de novo.
No último dia, sexta-feira, fomos à Expo Osaka 2025. Trouxe-nos memórias da Expo Lisboa 1998, a Madalena tinha 1 ano e andávamos com ela pela Expo no carrinho pois tinhamos prioridade e as filas eram enormes. Aqui em Osaka não ser pareciam tão grandes, mas em alguns pavilhões tinha que se esperar bastante.
O recinto é espetacular, especialmente a construção de madeira que circunda o recinto.


Começámos por visitar o Pavilhão de Portugal, claro, que não nos envergonha nada. O edifício é espetacular, de tamanho idêntico aos dos restantes países e a exposição lá dentro também. O tema são os Oceanos e ao entrar ali - os portugueses tinham prioidade - até nos emocionámos um pouco. Somos de, facto portugueses, seja onde for que estamos ou vivemos. Também havia uma parte sobre a influência dos portugueses na lingua e cultura do Japão, que era bem interessante.

Também havia um restaurante portugês no pavilhão - onde não fomos, obviamente, mas tinha uma fila enorme. Havia alguns pavilhões espetaculares.
Depois de visitarmos alguns pavilhões, especialmente de tecnologia e robótica, mas também de alguns países, de comermos alguma comida japonesa (o Alex diz que foi a melhor carne que comeu em todas as férias), voltámos para o hotel e eu, o X e o Afonso, partimos a caminho de Tóquio no Shinkansen, pois o nosso voo de volta para Portugal partia dali. O voo do Alex e Manuel partia mesmo de Osaka.
E assim terminaram as nossas duas semanas de férias no Japão. Foi uma viagem inesquecível, conhecemos um país e cultura completamente diferentes, vimos um pouco de tudo: cidade, cultura, gastronomia, natureza, religião. Adorámos, mas especialmente o Afonso não queria voltar para casa, o Japão era tudo o que ele esperava e muito mais, quer voltar quanto antes, quer tentar viver e trabalhar no Japão (depois do mestrado que começa em Setembro) e quer voltar rapidamente outra vez de férias, desta vez com amigos, para ter companhia para a outra parte da cultura japonesa que acabou por não viver, as festas, discotecas e vida noturna. Já sabe que na Universidade em Londres onde vai fazer o mestrado há aulas de Japonês, pois quer aprender a falar e ler/escrever quanto antes.
Gosta tanto de comida japonesa que foi este o pequeno almoço dele no aeroporto de Osaka às 7:30 da manhã:

Obrigada a todos por seguirem a nossa viagem neste blog. Não foi fácil, pois já não tenho idade para chegar à noite e passar um par de horas a escrever, com o X já a dormir, mas gosto de partilhar as nossas experiências com quem não pode viajar e, também, fica o registo detalhado para memória futura da nossa famíla. Ainda vou tentar escrever um texto separado sobre gastronomia, o que comemos e onde comemos, pois foi memorável e quando pesquisei no meu iPhone por "food in Japan" apareceram-me 250 fotos de comida durante a viagem!!
Mais uma vez, obrigada a todos por viajarem connosco.

Fantástico, Ana. Muito obrigada! ( Gostei de X 🤣 )... Muito boa viagem de regresso ao nosso cantinho... Abraços a todos